A nota da Rede Brasileira de Economia Feminista (REBEF) discute os impactos da jornada reduzida sob uma perspectiva feminista, analisando a relação entre trabalho remunerado, trabalho reprodutivo e uso do tempo. O documento destaca a histórica luta da classe trabalhadora pela redução da jornada como forma de ampliar o tempo livre e melhorar a qualidade de vida, especialmente das mulheres, que enfrentam uma dupla jornada devido ao trabalho doméstico e de cuidados não remunerado.

Atualmente, no Brasil, cerca de 74% das pessoas empregadas cumprem jornadas acima de 40 horas semanais. Entre as mulheres, o trabalho não remunerado adiciona em média 21 horas semanais às suas jornadas, impactando de forma significativa sua saúde e qualidade de vida. A escala 6×1, comum em ocupações onde predominam mulheres, reforça essas desigualdades, dificultando a conciliação entre vida profissional e pessoal.

O texto ressalta que a redução da jornada pode gerar benefícios econômicos e sociais, como maior geração de empregos, inclusão de mulheres no mercado formal, redução do desemprego e melhora da sustentabilidade previdenciária. Além disso, argumenta que jornadas mais curtas podem estimular a maior participação masculina nas tarefas domésticas e de cuidado.

A REBEF enfatiza que essa discussão deve ir além do trabalho remunerado, considerando a redistribuição do tempo livre de forma equitativa entre os gêneros. A redução da jornada é vista como um instrumento político para enfrentar problemas estruturais de emprego, pobreza e desigualdade, sendo essencial para a dignidade e a qualidade de vida da classe trabalhadora.